Esta coluna recebeu e publica, a seguir, texto do executivo da Selbetti Business Consulting, Cláudio Costa, que aborda um tema atualíssimo e muito oportuno: a Reforma Tributária e a Tecnologia da Informação (TI). E trata, ainda, de outros aspectos do mesmo tema. Exemplo: entre 2026 e 2032, as empresas terão de conviver com dois sistemas tributários: o atual e o novo. Assim, o texto abaixo é de leitura obrigatória:   

“A aprovação da reforma tributária brasileira sinaliza a maior transformação no sistema fiscal desde a Constituição de 1988. O novo regime de Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual – com criação da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) – será implementado gradualmente de 2026 a 2033, substituindo tributos como PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS. O impacto dessa mudança vai muito além da área fiscal: atinge desde a precificação de produtos até a estrutura contábil, operacional e tecnológica das empresas.   

“Embora o impacto da mudança seja enorme, a poucos meses da mudança muitas empresas ainda não estão preparadas. Uma pesquisa realizada pelo Thomson Reuters Institute aponta que ao menos 76% das organizações sequer iniciaram os ajustes tecnológicos e operacionais necessários, ampliando riscos financeiros e regulatórios. 

O papel central da TI na reforma tributária 

“Entre as áreas mais afetadas pela reforma, a Tecnologia da Informação (TI) terá um papel decisivo. Com a introdução do IVA dual, os sistemas de gestão empresarial (ERPs) e softwares fiscais precisam ser profundamente adaptados para atender às novas exigências legais. Um estudo realizado pela KPMG apontou que cerca de 85% das empresas precisarão realizar adaptações importantes em seus sistemas, embora, atualmente, menos de um terço delas tenha um plano claro de ação para executar essas mudanças dentro dos prazos estabelecidos. 

“A responsabilidade da área de TI vai além da simples atualização tecnológica: será necessário garantir que plataformas de emissão de notas fiscais eletrônicas, soluções de gestão documental e sistemas internos de cálculo e cobrança estejam totalmente integrados às novas regras tributárias.   

“Além disso, novas obrigações acessórias como a Nota Fiscal eletrônica nacional unificada (NF-e), o Domicílio Tributário Eletrônico (DTE) e o mecanismo de Split Payment exigirão a integração em tempo real com sistemas governamentais via APIs. Preparar a infraestrutura tecnológica desde já será determinante para evitar prejuízos operacionais e financeiros no futuro próximo. 

Fase de transição aumenta a complexidade operacional 

“A fase de transição da reforma tributária vai aumentar a complexidade operacional no curto e médio prazo. Entre 2026 e 2032, as empresas terão que lidar simultaneamente com dois regimes tributários, o atual e o novo, com parametrizações distintas para cada tipo de operação.   

“Isso significa que os processos internos – do faturamento à contabilidade – precisarão ser redobrados e cuidadosamente ajustados. Em vez de um alívio instantâneo, haverá um período de gestão dupla, exigindo controle minucioso e duplicidade de procedimentos em alguns casos. Os processos de emissão de notas fiscais, contas a pagar e a receber, apuração e escrituração fiscal, gestão de créditos tributários, serão profundamente afetadas. 

“As notas fiscais, por exemplo, deverão refletir os novos campos e códigos CBS/IBS, garantindo que cada nota indique corretamente o regime e alíquotas aplicáveis. Durante a transição, transações semelhantes poderão ter tratamentos tributários diferentes (parte no sistema antigo, parte no novo), exigindo que o processo de faturamento seja capaz de segregar e aplicar ambas as regras. 

“Os créditos e débitos de CBS e IBS vão tornar os processos de contas a pagar e a receber, apuração e escrituração fiscal mais complexos – afinal, será necessário garantir que cada operação financeira esteja corretamente registrada para que as empresas possam identificar, capturar e compensar adequadamente os créditos tributários a que têm direito. Além disso, as empresas precisarão intensificar os esforços na gestão e rastreabilidade dos créditos tributários acumulados no sistema antigo e daqueles gerados sob o novo regime, exigindo processos específicos para evitar perdas ou problemas futuros com o fisco.   

Rastreabilidade e inteligência fiscal 

“Se antes cada imposto possuía sua própria lógica e controle separado, agora o ponto central da reforma está na rastreabilidade e consistência das informações ao longo de toda a cadeia. No modelo de IVA dual, os dados fiscais de compras e vendas de bens e serviços precisam estar integrados e coerentes, já que o crédito gerado em uma etapa será compensado nas etapas seguintes. Isso eleva a importância da governança de dados tributários dentro da empresa. 

“Um dos princípios do novo sistema é a não-cumulatividade plena com crédito financeiro amplo. Na prática, para usufruir dos créditos, a empresa precisará demonstrar, com documentação e escrituração precisas, a cadeia de valor de cada insumo e produto.   

“Informações desencontradas ou inconsistentes entre notas fiscais, registros contábeis e declarações podem resultar em perda do direito de crédito ou questionamentos do Fisco. Coerência contábil e documental deixa de ser apenas boa prática e passa a ser requisito para sustentabilidade financeira da empresa, pois impacta diretamente o montante de tributos a pagar. 

Qual é a melhor estratégia para encarar a mudança? 

“Diante do tamanho do desafio, e pelo fato de que muitas empresas não dispõem internamente de todos os recursos ou know-how para orquestrar essa transformação de ponta a ponta, algumas organizações estão optando por consultorias de tecnologia que sejam capazes de lidar com a multidisciplinaridade que o processo exige.   

“Em vez de remediar problemas pontuais em cima da hora, a consultoria ajuda a antecipar ajustes – por exemplo, adequando o ERP e módulos fiscais já em 2025 para os testes de IBS/CBS, e planejando novas atualizações para cada etapa de aumento de alíquota entre 2027 e 2032. Essa visão preventiva garante que as mudanças sejam implementadas com o mínimo de disrupção. 

“Mais do que isso, um parceiro tecnológico com expertise pode resultar em uma economia significativa no médio prazo. O custo de corrigir uma implementação mal-feita, pagar multas por descumprimento ou até paralisar operações por falha sistêmica certamente supera o investimento em um planejamento bem estruturado desde o início.   

“Envolver as áreas de TI, processos, dados, financeiro e compliance de forma integrada é fundamental – e o apoio de especialistas externos pode ser o catalisador que faltava para transformar uma obrigação complexa em um projeto com visão estratégica, e benefícios a longo prazo.   

Sobre a Selbetti Tecnologia 

A Selbetti Tecnologia é uma One-Stop-Tech que proporciona um ecossistema completo de soluções para acelerar a transformação digital das empresas. Com quase 50 anos de história e um time de mais de 2,2 mil profissionais, a empresa atua como um hub de tecnologia que conecta automação, infraestrutura, inteligência artificial e experiência digital e física para impulsionar a eficiência e o crescimento dos negócios. 

Fonte: Diário do Nordeste


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